rascunhos
a solução para a vela de hamlet é uma chama que arda tão forte, queime tanto, que ponha fogo em todo lugar. viver dentro de um impossível incêndio.
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queria chorar que nem quando era menina. chorava por qualquer coisa. toda pequena dor era enorme e um mar de lágrimas. hoje as dores enormes são pequenas, meu rosto se contorce em expressão de choro e nada, nada.
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quis tanto me sentir próxima do mundo inteiro, colocá-lo debaixo da língua, esperando que ele derretesse e fizesse seus efeitos. o tempo passa, e eu fico cada vez mais longe.
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eu sou a pessoa mais doce que eu conheço (mentira). eu sou a pessoa mais engraçada que eu conheço, (mentira) também. eu sou muito charmosa, sabia disso? eu também sou muito eufórica e diurna e solar e animada. e também sou muito… eu sou muito… violenta.
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ser tão essencial quanto. ser tão essencial quanto. ser tão essencial quanto.
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(queria que todo mundo esquecesse de mim, mas não queria, não.)
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ouvi tantas vezes que quando eu parasse de pensar e de querer amor, eu teria amor. que quando eu esquecesse do amor, eu teria amor. a verdade é que eu tenho uma quantidade absurda de amor, quase mais amor que eu posso carregar nos braços. e talvez eu nunca tenha aquele amor que é o amor que se pensa quando se fala “queria amor!”. talvez, realmente. e minhas mãos seguirão transbordando de amor.
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trouxeram um livro pra mim, de dentro de um sonho. foi o melhor presente que não recebi, infinito por ser intangível.
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todas as minhas palavras morrem na barreira dos dentes, elas vivem de novo nas pontas dos dedos.
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fico pensando o tempo todo em tocar sua pele de novo. vejo os machucados que você me deixou, lembro que não deixará mais. queria que eles nunca tivessem sarado.
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na verdade, a culpa é minha. meu coração é árido e vão. minha cabeça, no entanto, minha cabeça, no entanto.